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Investigação de fraude para obter cidadania italiana chega a Curitiba
Por Bem Paraná | Postado em: 04/06/2019 - 11:01

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Uma investigação de parte de um suposto esquema de fraude em processos de reconhecimento de cidadania de brasileiros na Itália ficará a cargo da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) no Paraná. O processo, derivado da operação Super Santos, deflagrada no fim de março pela polícia italiana e que prendeu sete cidadãos brasileiros, foi enviado ao Estado no dia 24 de maio pela Procuradoria da República no Distrito Federal (PR-DF). A investigação está em sigilo.

Em documento (veja íntegra) assinado pelo procurador Claudio Drewes José de Siqueira, que faz a remessa do processo ao Paraná, a procuradoria do DF afirma sobre a suspetia de que “servidores do Consulado Geral da Itália em Curitiba estariam envolvidos no aludido esquema criminoso”. Segundo o documento, a denúncia que deu origem à investigação contém áudios e capturas de tela de conversas no Whatsapp, perfis no Facebook e sentenças italianas.

“De acordo com as informações extraídas da conversa de Whatsapp que acompanha a denúncia, a confecção dos documentos falsos ocorreria no município de Curitiba”, diz o procurador no documento de declínio de atribuição.

A operação italiana que deu origem ao processo no Brasil resultou na cassação de pelo menos 800 cidadanias e 200 passaportes de brasileiros, entre eles juízes, promotores, um jogador da Chapecoense que morreu no acidente de 2016. Essas pessoas obtiveram a cidadania italiana de forma irregular pelo esquema.

Todos podem responder por corrupção ativa, falsidade ideologica e ficar com o nome sujo perante os órgãos públicos italianos. Entre os citados, parte argumenta que foi vítima de golpe e outra que teve documentação cancelada ou suspensa por integrar o mesmo lote de documentos falsos.

Segundo o advogado ítalo-brasileiro Luiz Scarpelli, que defende parte das pessoas que obtiveram a cidadania de maneira irregular, a investigação apontou para a existência de uma “máquina de falsificação de certidões públicas de registro civil operando em Curitiba”. Scarpelli afirma que ele próprio denunciou parte do esquema, uma vez que seus clientes teriam sido vítimas de “coiotes”.

“Como dentro das denúncias que eu fiz, em um pendrive com 16 gigabytes de provas, envolvia questões gravíssimas acontecendo em Curitiba, principalmente quanto a falsificação de documentos públicos no Brasil, o procurador pegou essa parte da denúncia que diz respeito a jurisdição de Curitiba e mandou ao Paraná”, explica o advogado.

O material que inclui informações sobre suposta fraude envolvendo servidores do Consulado da Itália em Curitiba contém denúncias, imagens e vídeos colhidos ao longo de três anos. De acordo com o advogado Luiz Scarpelli, os criminosos operam por meio de falsos grupos no Facebook e Whatsapp que, na verdade, seriam “redes de pesca”.

São dezenas de comunidades, ainda ativas, controladas pelo mesmo grupo de 15 pessoas no Brasil. No caso do Whatsapp, são pelo menos 14 grupos de falsa ajuda. “Pelo menos 40 nomes foram listados como assessores (coiotes) responsáveis por esses grupos”, afirma o advogado. O consulado italiano foi procurado pela reportagem por telefone e por e-mail, mas não respondeu aos pedidos de manifestação.

A operação Super Santos na Itália foi coordenada pelo procurador Sveva de Liguoro, após a Prefeitura de Macugnaga desconfiar do elevado número de brasileiros firmando residência na cidade. As investigações duraram mais de um ano e desmascararam a organização criminosa que tentava enganar as autoridades italianas. O grupo gerenciava cerca de 60 apartamentos em cidades como Verbania e Novara, onde acomodavam os solicitantes de cidadania.

Milhares de documentos falsos foram descobertos depois de meses de conversas telefônicas interceptadas, inclusive em português, tocaias nos aeroportos e centenas de buscas nos prédios onde os brasileiros estavam hospedados.

A policia italiana descobriu que os documentos foram emitidos com o intermédio de organizações criminosas que cobravam cerca de 4 mil a 7 mil euros (cerca de R$ 30 mil) pelos tramites, que envolviam propina a cartórios, servidores públicos e policiais italianos, além de tráfico de influência, lavagem de dinheiro, tráfico de pessoas, entre outros crimes.

A polícia italiana ainda investiga 68 empresas de assessoria na Itália e, se as investigações continuarem, o número de processos cancelados pode chegar a 30 mil. “Essas assessorias (coiotes) que atuam na Itália, pagam propina para servidores públicos italianos corruptos, para confirmarem a residência para pessoas onde elas não residem. E fazem tudo muito rápido: em 30 dias a pessoa já é italiana”, explica do advogado.

Ex-deputada afirma que recebe denúncias desde 2013
A ex-deputada ítalo-brasileira Renata Bueno, que também foi vereadora em Curitiba, disse na semana passada que denunciou “inúmeras vezes a existência da máfia”. Em nota, Renata afirma que a investigação realizada no Brasil é como a “Lava Jato da Cidadania” e que o “esquema que lesou milhares de brasileiros e que atentava contra a legislação dos dois países”.

“Em 2013, quando fui eleita, já recebia muitas mensagens de brasileiros, pedindo orientações e, com certa constância, pedidos de socorro: pessoas que haviam caído em golpes, gastando dinheiro com documentação falsa e, às vezes, viajando até a Itália para perceber que tudo não passava de um grande esquema para conseguir dinheiro de forma ilícita. Há, inclusive, casos de corrupção envolvendo funcionários públicos. Estes são mais graves, porque sabemos que não é possível tirar a própria cidadania em 20 dias, sem que haja algum tipo de favorecimento criminoso”, afirma. “Fiquei feliz de saber que as autoridades conseguiram montar um dossiê e denunciar essa máfia. Sempre soubemos que havia um grupo, em Curitiba, que cooptava pessoas para exigir valores exorbitantes em busca da cidadania. O Instituto Cidadania Italiana reiteradas vezes condenou essa prática. Esperamos, agora, que os envolvidos nessa máfia sejam punidos com rigor”, concluiu a ex-deputada.

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