Produtores de leite de diversos municípios do Sudoeste do Paraná realizaram uma grande manifestação pacífica na quarta-feira (10), no trevo da Água Branca, em Francisco Beltrão. O ato reuniu cerca de 2 mil produtores, além de dezenas de tratores e veículos que ocuparam o local, formando uma extensa carreata e um tratoraço que percorreu a PR-483, o centro da cidade e seguiu em direção ao Parque de Exposições.
Entre as principais reivindicações apresentadas pelos participantes estão a suspensão das importações de leite por 120 dias, o alongamento de dívidas, a disponibilização de crédito para capital de giro e a criação de uma política pública permanente para o setor leiteiro. Representantes de cooperativas, empresas e lideranças políticas da região também acompanharam o movimento.
Claudenir Gaspar Schmite, produtor de Dois Vizinhos, destacou o caráter pacífico da mobilização. “É uma manifestação pacífica. A gente fez uma carreata passando pelo trevo, pela BR, pelo Centro e indo em direção ao parque de exposições”, afirmou.
O protesto ocorre em meio à crise enfrentada pela cadeia produtiva do leite no Paraná. Produtores relatam que a entrada de leite em pó importado da Argentina e do Uruguai — muitas vezes subsidiado — tem chegado ao país com valores abaixo do custo de produção nacional, o que causa forte desequilíbrio no mercado, endividamento e até risco de perda de propriedades.
De acordo com representantes do setor, mais de 90% dos produtores não conseguirão liquidar as dívidas em 2025 e também em 2026. O cenário é agravado pelo preço pago ao produtor, pelos altos custos de produção e pela falta de medidas estruturantes que garantam equilíbrio entre oferta e demanda.
Manifestação também em Laranjeiras do Sul
Outra mobilização ocorreu no entroncamento da BR-277 com a BR-158, no município de Laranjeiras do Sul. O ato começou por volta das 11h50 e reuniu cerca de 200 participantes. Até o momento, não houve bloqueio total da rodovia, mas podem ocorrer interdições temporárias acompanhadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Assim como em Francisco Beltrão, o objetivo é chamar a atenção para a necessidade de revisão da legislação federal relacionada à importação de leite e garantir que os impactos ao produtor brasileiro sejam considerados. Os organizadores também aguardavam a presença da imprensa e de representantes políticos para reforçar as demandas.
Mobilização crescente
Durante a manhã, centenas de produtores de leite e de outras cadeias produtivas começaram a concentração às margens da PR-483 e seguiram em carreata por Francisco Beltrão, formando um dos maiores protestos da categoria na região nos últimos anos.
As lideranças afirmam que novas mobilizações podem ocorrer caso não haja resposta do governo federal às demandas emergenciais. O setor leiteiro é responsável por grande parte da economia agrícola do Sudoeste do Paraná, e produtores alertam que a continuidade da crise pode levar ao fechamento de propriedades e ao êxodo rural.
A expectativa agora é que as manifestações ampliem a pressão por mudanças e que as reivindicações cheguem às esferas federais para discussão de medidas de curto e longo prazo para o setor.