Quatro meses se completam nesta sexta-feira (5) desde o desaparecimento e morte de quatro homens encontrados em uma área rural de Icaraíma, no Noroeste do Paraná. As vítimas — Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi, Diego Henrique Afonso e Alencar Gonçalves de Souza — foram vistas pela última vez em 5 de agosto, quando teriam ido ao município para cobrar uma dívida relacionada à venda de uma propriedade rural.
Os suspeitos apontados pela Polícia Civil do Paraná, Antonio Buscariollo, de 66 anos, e seu filho, Paulo Ricardo Costa Buscariollo, de 22, seguem foragidos desde 9 de agosto, data em que a Justiça expediu mandados de prisão temporária contra ambos. Eles desapareceram da região junto com familiares.
Segundo a investigação, o crime teria sido motivado pelo não pagamento de uma dívida de R$ 255 mil referente à compra de uma propriedade de Alencar Gonçalves de Souza pela família Buscariollo. O acordo, segundo a polícia, previa o pagamento por meio de dez notas promissórias, porém nenhuma teria sido quitada.
Alencar viajou ao local acompanhado por Robishley, Rafael e Diego, moradores de São José do Rio Preto (SP), que o ajudariam na cobrança. A polícia trabalha com a hipótese de que pai e filho teriam armado uma emboscada no momento em que os quatro chegaram ao distrito de Vila Rica do Ivaí.
4 e 5 de agosto: vítimas se deslocam até Vila Rica do Ivaí. O último contato com as famílias ocorre no dia 5, por volta do meio-dia.
6 de agosto: o desaparecimento é registrado pela esposa de Robishley, em São Paulo.
9 de agosto: Justiça expede mandados de prisão temporária contra Antonio e Paulo Buscariollo, que deixam a região.
12 de setembro: o carro das vítimas é encontrado enterrado em um bunker, dentro de uma área de mata, a cerca de 9 km da propriedade dos suspeitos. O veículo tinha marcas de tiros e vestígios de sangue.
18 de setembro: os quatro corpos são descobertos em uma vala, a 650 metros do local onde o carro havia sido desenterrado. Todos apresentavam perfurações de arma de fogo.
A defesa de Antonio e Paulo afirma que ambos continuam foragidos enquanto aguardam análise de um pedido de revogação da prisão temporária. Em nota, os advogados reforçam que pai e filho “lutam para provar sua inocência” e acreditam que a polícia encontrará os “verdadeiros responsáveis”.
Já a advogada que representa as famílias das vítimas criticou a divulgação da ficha criminal de três dos homens, ocorrida em novembro. Segundo ela, o ato representou “afronta à dignidade das famílias”. A defensora esteve no Paraná cobrando transparência e celeridade no andamento do inquérito.
A Polícia Civil também investiga se os três homens que viajaram de São Paulo para ajudar Alencar tinham algum envolvimento com organizações criminosas, mas o resultado dessa linha de apuração não foi divulgado. A corporação tampouco esclareceu a dinâmica exata dos homicídios nem se há outros envolvidos.
O caso segue em investigação.