O padre Genivaldo Oliveira dos Santos, preso por abusos sexuais contra crianças e adolescentes em Cascavel, no oeste do Paraná, foi denunciado por mais quatro crimes pelo Ministério Público após três novas vítimas serem ouvidas e terem os depoimentos incluídos no processo. Agora, o suspeito passa a responder por 25 crimes no total.
Entre os crimes agora imputados estão nove estupros de vulnerável, dois de violação sexual mediante fraude (um tentado e um consumado), seis de importunação sexual, um de entrega de substância nociva à saúde com finalidade medicinal e sete relacionados a tráfico de drogas, que incluem venda, entrega a consumo e administração de substâncias. As 16 vítimas tinham idades entre 12 e 48 anos à época dos crimes.
A denúncia decorre das investigações conduzidas pelo Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria) de Cascavel, no âmbito da Operação “Lobo em Pele de Cordeiro”.
O MPPR também pediu a manutenção da prisão preventiva do padre, com base na garantia da ordem pública e conveniência da instrução criminal, e solicitou indenizações por danos materiais e morais às vítimas, com valores individuais entre R$ 20 mil e R$ 150 mil.
O Ministério Público aguarda agora que o Poder Judiciário receba a denúncia e defira os pedidos apresentados com o aditamento.
Inquérito concluído
O inquérito da Polícia Civil foi concluído no último dia 29 e encaminhado ao Ministério Público do Paraná. As penas previstas podem ultrapassar 150 anos de reclusão. Ele foi indiciado por tráfico de drogas, curandeirismo, assédio sexual, importunação sexual, violação sexual mediante fraude e estupro de vulnerável.
Genivaldo Oliveira dos Santos foi preso no dia 24 de agosto durante uma operação da Polícia Civil em Cascavel. As apurações tiveram início em 16 de julho deste ano, após denúncias de abuso sexual contra jovens e adolescente. O homem exercia a função de pároco em uma igreja católica da região até o dia 14 de agosto de 2025, quando foi afastado das funções após surgimento das primeiras evidências.
Durante as investigações, parte dos fatos foi arquivada devido à prescrição ou insuficiência de provas, e alguns crimes atribuídos a outro religioso já falecido foram extintos.
Genivaldo segue preso no Complexo Médico Penal (CMP), em Curitiba, desde 15 de setembro, quando foi transferido durante as investigações.
A 15ª Promotoria de Justiça de Cascavel pediu à 10ª Promotoria de Justiça a abertura de procedimento junto à Vara de Corregedoria dos Presídios para apurar o porquê da transferência do padre ao CMP.
As investigações indicam que a Igreja Católica teria acobertado os crimes. Segundo a delegada Thaís Zanatta, o padre dopou uma das vítimas, um jovem que buscava ajuda para dependência química, durante a estadia na casa paroquial. As vítimas seriam adolescentes em situação de vulnerabilidade social, além de jovens vinculados a atividades religiosas.
“Também foi requerido o encaminhamento de cópias dos autos ao presidente do Tribunal e ao Vigário Judicial da Arquidiocese de Cascavel. O objetivo é subsidiar a apuração de supostas condutas desviantes do denunciado que, embora não tenham sido objeto de imputação penal, indicam desvio de recursos de doações de fiéis e uso indevido de bens paroquiais para fins econômicos pessoais ou práticas criminosas”, disse o MP, em nota.